As Ilhas dos Guarás, também conhecidas como Guarás Grande e Guarás Pequeno, juntamente com um rochedo, estão localizadas na Baía Norte, próximo à Ponta do Goulart, no Saco Grande, e à Praia do Cacupé. Essas duas pequenas ilhas são cercadas por águas claras e quentes, enquanto suas praias possuem uma areia amarelada, em tonalidade mais escura, característica de uma baía, entremeada por fragmentos de cascas de moluscos.

A Ilha dos Guarás Pequeno não possui qualquer tipo de habitação, apenas alguns arbustos, e sua área não ultrapassa algumas dezenas de metros quadrados. Por outro lado, a Ilha dos Guarás Grande é coberta por uma vegetação mais densa, que cobre toda a sua superfície. Ao redor da costa dessas ilhas, há pedras que formam pequenas piscinas naturais, complementando a beleza cênica do local.

O acesso às Ilhas dos Guarás é limitado devido à presença da base do Grupamento de Busca e Salvamento do Corpo de Bombeiros de Santa Catarina (GBS-CBSC). Na face noroeste das ilhas, voltada para o continente, há um trapiche utilizado para o desembarque de pessoas e mantimentos. Já na face nordeste, existe um pequeno molhe destinado à proteção e manutenção das embarcações utilizadas no salvamento.

Embora nem sempre tenham sido chamadas assim, as Ilhas dos Guarás possuem esse nome desde o século XVIII. Anteriormente, elas eram conhecidas como “Ilha das Araras” e “Laje das Baleias”. O nome “Guará” faz referência a um pássaro de plumas vermelhas que era abundante na região, mas hoje em dia é avistado com raridade apenas na porção norte do estado. Segundo relatos históricos, o Guará era uma ave pescadora, com belas plumas vermelhas que se tornavam escarlates quando adultas.

O local onde as Ilhas dos Guarás estão situadas tem uma história interessante. No passado, serviu como depósito de mantimentos e, posteriormente, como local de quarentena para imigrantes que chegavam de navio ao porto de Desterro. Mais tarde, funcionou como um presídio, onde os presos ficavam ao relento ou em cabanas precárias cobertas de palha.

Durante a Segunda Guerra Mundial, a Ilha dos Guarás Grande foi usada como prisão pela Delegacia de Ordem Política e Social (DOPS), abrigando os acusados de apoiar o Nazismo. Um fato curioso desse período foi um médico de origem alemã que conseguiu fugir nadando até a Ponta do Coral. Após o término da guerra, as instalações construídas em 1913 foram abandonadas e expostas a saques e depredações.

Em 1953, o então governador do estado, Irineu Bornhausen, realizou uma grande festa na Ilha dos Guarás Grande para inaugurar as obras de dragagem do canal e revitalização do porto. Na época, foram construídos quartos para os engenheiros e mestres que trabalhariam na retirada dos sedimentos do canal. Entretanto, com o fechamento do porto em 1955, as ilhas foram novamente abandonadas, sofrendo com a ação de saqueadores e vândalos.

As Ilhas dos Guarás são um verdadeiro tesouro natural e histórico. Com suas águas claras, praias de areia amarelada e paisagens exuberantes, são um destino imperdível para quem busca tranquilidade e contato com a natureza.